A CEIA DO SENHOR
1 Coríntios 11.23-27
“Porque eu recebi do Senhor este ensino que passei para vocês: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, pegou o pão 24 e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e disse: "Isto é o meu corpo, que é entregue em favor de vocês. Façam isto em memória de mim." 25 Assim também, depois do jantar, ele pegou o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança feita por Deus com o seu povo, aliança que é garantida pelo meu sangue. Cada vez que vocês beberem deste cálice, façam isso em memória de mim." 26 De maneira que, cada vez que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor, até que ele venha”.
Introdução
A Ceia do Senhor é uma das ordenanças de Jesus para a Igreja.
Deve ser praticada pela igreja... Jesus mandou e, isso lemos no final do v.26: comer deste pão e beber deste cálice (...), até que ele venha.
Os elementos da Ceia estão aqui: no v.23 lemos que Jesus tomou o pão em Suas mãos e, no v.25, pegou o cálice com o vinho... pão e vinho são símbolos do corpo e do sangue de Cristo.
Desde que o Senhor deixou esta ordenança para a Igreja, a Ceia do Senhor tem sofrido várias agressões.
No ano 1215, o papa Inocêncio III deturpou as palavras figuradas de Jesus aqui: "Isto é meu corpo e isto é meu sangue” e criou o dogma da Transubstanciação – doutrina que ensina a transformação das substâncias: o trigo do pão, transforma-se em carne, carne de Cristo; e o suco da uva (o vinho), segundo essa doutrina da Transubstanciação, transforma-se em sangue, sangue de Cristo.
Os defensores da doutrina da Transubstanciação costumam afirmar filosoficamente, que o objeto físico do pão não se altera; o que se altera é a substância. Você vê o pão, mas o pão que você vê é o corpo de Cristo.
Dois anos depois, em 1414, o papa João XXIII, retirou o vinho e passou a servir aos fiéis somente a hóstia, porque, conforme foi resolvido no Concílio De Trento, em 1551: depois da consagração, a hóstia é o verdadeiro Corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das aparências de pão... e depois da consagração, passa a existir no cálice o verdadeiro sangue do Senhor Jesus, debaixo das aparências de vinho.
Mas a ceia, conforme Jesus mandou, consiste de dois elementos: o pão e o vinho. Não houve mudança!
E nesta cerimônia, por mais oração que se faça, por mais consagração que se tenha, pão continua sendo pão, e vinho continua sendo vinho.
Nós batistas não cremos na doutrina da Transubstanciação... nós cremos na Ceia do Senhor como memorial.
O pão e o vinho não se alteram, não se transformam em carne e sangue de Jesus; tão somente simbolizam o corpo de Jesus crucificado em favor dos pecadores e o sangue derramado para a purificação dos pecados da humanidade. A Ceia, portanto, é um memorial.
Há quatro verdades que devem ser destacadas, sempre que a igreja celebra a Ceia do Senhor.
...a primeira verdade, nós a temos:
1. Olhando para trás
Lemos no v.26 que, nesta cerimônia, a morte de Jesus é anunciada, é recordada.
Está escrito: “...cada vez que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor”.
A morte de Jesus na cruz é o centro da mensagem cristã... e interessante: Jesus ordenou que Sua Igreja relembrasse, não os Seus milagres, mas a Sua morte.
Nós temos que nos lembrar porque Jesus morreu, como Ele morreu, por quem Ele morreu... e isto conseguimos olhando para trás, olhando para o passado.
...a segunda verdade, nós a encontramos:
2. Olhando para frente
O v.26 nos leva ao passado (ao tempo da morte de Jesus), mas é concluído nos levando ao futuro – ao dia da Sua volta.
Está escrito: “...anunciais a morte do Senhor, até que ele venha”.
Há um momento de expectativa na celebração da Ceia do Senhor... existe o anseio pela Sua volta.
A volta de Jesus é a grande esperança do crente... porque nesse mundo o mal tem feito tantos estragos... mas, está escrito na Bíblia, que quando Jesus Cristo voltar “...Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).
...a terceira verdade, nós temos:
3. Olhando para dentro
A palavra do v.28 é para que façamos um auto-exame dentro de nós.
Está escrito: “...cada um examine a sua consciência e então coma do pão e beba do cálice”.
Nós não somos juízes dos outros... não examinamos os outros... não julgamos os irmãos... o que devemos fazer é examinar a nós mesmos.
E quando examinamos a nós mesmos sob os holofotes de Deus, começamos a ver nossa miséria, nossa pobreza espiritual, nossa natureza tão má...
E aí, é natural que se fique pesaroso e com sentimentos de indignidade
Porém, quero lhe dizer algo: Ninguém deve fugir da Ceia por causa do pecado, mas fugir do pecado por causa da Ceia.
A ordem bíblica é: examine-se e coma!
Se tem procedido mal, se tem cometido pecado... faça um exame de si mesmo, e se você reconhece o mal como seu e resolve abandoná-lo, e resolve abandonar o pecado, então diz a Palavra: coma, participe!
...e a quarta verdade, nós a temos:
4. Olhando ao redor
Os versos 33 e 34 descrevem a comunhão uns com os outros.
Lemos isto: “...meus irmãos e minhas irmãs, quando vocês se reunirem para a Ceia do Senhor, esperem uns pelos outros”.
Somos um só corpo, uma comunidade de irmãos... quando nos reunimos aqui, é como família de Deus, é como irmãos em Cristo.
O que nos une, o que nos liga uns aos outros, é o amor do Senhor!
E esse amor tem que ser prático, a caminhada é conjunta: “...esperem uns pelos outros”.
Nós temos por hábito receber o pão e o cálice e depois, aguardar que todos os outros membros da família também recebam, para que então, juntos, possamos comer e beber... é uma maneira de aprendermos a não deixar irmão nenhum para trás.
É até interessante lembrar que a palavra “companheiro” vem do latim, significando “aquele que come pão com”.
Então, mesmo que o irmão seja devagar, do tipo quase-parando... com o ritmo diferente do nosso... mas, porque somos família de Deus, nossa comunhão deve ser com todos, sem favoritismos ou individualismo.
...agora, há três perigos em relação à Ceia que precisamos evitar; o primeiro perigo é:
1. Participar da Ceia do Senhor indignamente
Lemos aqui no v.27): “...aquele que comer do pão do Senhor ou beber do seu cálice de modo que ofenda a honra do Senhor estará pecando contra o corpo e o sangue do Senhor”.
Tomar parte na Ceia do Senhor, recebendo e comendo o pão, recebendo e bebendo o vinho, de forma leviana, sem seriedade, é comer e beber condenação para si.
Ofendemos à honra do Senhor quando não somos sérios com o Senhor.
Por isso, ao participar da ceia do Senhor, nós crentes, precisamos checar primeiro o nosso compromisso com Jesus antes de recebermos o pão e o cálice.
...o segundo perigo a ser evitado:
2. Participar da Ceia do Senhor sem discernimento
No v.29 lemos: “...a pessoa que comer do pão ou beber do cálice sem reconhecer que se trata do corpo do Senhor, estará sendo julgada ao comer e beber para o seu próprio castigo”.
O crente precisa reconhecer que o corpo de Jesus foi ferido, foi partido na cruz... não para cumprir as profecias feitas... não para ser um marco histórico... mas para possibilitar a salvação da sua alma!
É isso que o crente precisa discernir: que o corpo de Jesus foi morto na cruz em seu favor!
...e eis o terceiro perigo a ser evitado:
3. Participar da Ceia do Senhor sem auto-exame
Lemos no v.31: “Se examinássemos primeiro a nossa consciência, nós não seríamos julgados pelo Senhor”.
Não podemos ser gentis com a natureza pecaminosa de nós mesmos nem sentir afeto pelos nossos próprios pecados.
Devemos julgar a nós mesmos para não sermos condenados com o mundo.
Precisamos agir com rigor com nós mesmos... o apóstolo Paulo, declarou em carta aos coríntios: “subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão” (1Co 9.27)... precisamos ser rigorosos com nós mesmos e com os irmãos ter profundo amor e paciência.
É isso, vamos assimilar as quatro verdades desta celebração:
Olhe para trás
Olhe para frente
Olhe para dentro
Olhe ao redor
E evite os três perigos em relação à Ceia do Senhor:
Não participe indignamente
Não participe sem discernimento
Não participe sem auto-exame
Pr Walter Pacheco da Silveira - 28/1/07, baseado em material de Hernandes Dias Lopes