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O PASTOR DO SALMO 23

Salmo 23

 

1 O SENHOR é meu pastor, e nada me faltará. 2 Ele me faz repousar em verdes pastos e me leva para junto de riachos tranquilos. 3 Renova minhas forças e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome. 4 Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte, não terei medo, pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem. 5 Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo; meu cálice transborda. 6 Certamente a bondade e o amor me seguirão todos os dias de minha vida, e viverei na casa do SENHOR para sempre.

 

O Salmo 23, como disse Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores, é a pérola dos Salmos.

Ele é atribuído ao rei Davi que, por inspiração divina, compôs este salmo cujo conteúdo nos oferece a mais alta, mais profunda, mais larga e mais gloriosa experiência que um crente pode ter com Deus, enquanto estiver do lado de cá do céu, porque lá, a experiência será além do que podemos imaginar ou pensar. Será perfeitamente gloriosa!

Mas, enquanto isso, o Salmo 23 é uma verdadeira obra de arte. É o poema mais lindo que já se escreveu e do começo ao fim, da primeira à última palavra, é um Salmo que inspira segurança.  

Mas, preste atenção, tudo o que é dito no Salmo 23, se sustenta por causa da verdade declarada na primeira linha ou no primeiro verso, naquela parte que diz: “O SENHOR é meu pastor”.

Este é o tema do Salmo! É o seu assunto principal. Não perca isso de vista: o primeiro verso é o tema do Salmo inteiro.

 

Agora, todas as bênçãos que o Salmo 23 anuncia, podem ficar sem ser usufruídas, se você não entender logo no começo que precisa ter o Senhor Deus por seu pastor, como o rei Davi, que na experiência dele, pode dizer: “O SENHOR é meu pastor”.

Também precisamos ter esta experiência e poder declarar isto: “O SENHOR é meu pastor.

Quem descuidar e passar pela vida sem ter o Senhor como seu Pastor, simplesmente perderá as bênçãos maravilhosas que o Salmo anuncia, porque nenhuma dessas bênçãos pode ser recebida, pode ser desfrutada, sem que se tenha o Senhor por Pastor.

Mas, infelizmente, é justamente nesse ponto que muitos crentes mais perdem na experiência da vida cristã que levam. Afinal, é fácil pensar nas bençãos sem pensar no Abençoador. É tão comum desejar tanto as bênçãos sem ter qualquer relação ou compromisso com o Abençoador!

É fácil, porém, é perigoso.

Primeiro, porque se não tivermos o Senhor como o nosso Pastor, essas bênçãos não chegam; elas não virão para a nossa vida.

Segundo, se não tivermos o Senhor por nosso Pastor, colocamos o foco nas bênçãos e passamos a viver em função delas, nos tornamos adoradores das bênçãos e não adoradores dAquele que é a Fonte das bênçãos.

A vida cristã feliz e vitoriosa, ao contrário do que muitos acreditam, ela não se mede pelas bênçãos recebidas.

Alguém pode pensar que a felicidade está no fato de ter bênçãos e dizer: “Fulano é feliz porque tem um emprego dos bons, tem saúde de ferro, tem uma família legal, tem condição pra ter casa boa, roupa cara...”.

Mas, preste atenção: bênçãos sem a Fonte delas, não são bênçãos; Bênçãos sem a presença do Abençoador, não é bênção. A menos que possamos dizer: “O Senhor é meu pastor”, nenhuma das coisas que chamamos de bênçãos terá valor ou significado.

Uma pessoa pode ter tudo o que vale a pena chamar de bênção, mas se ela não tem Deus como Pastor da sua vida, todas as coisas maravilhosas que têm, se perdem. Porque o mais importante não é ter as bênçãos, o mais importante é ter o Doador das bênçãos, é ter o Senhor.

Afinal, é em Cristo que somos abençoados com todas as bênçãos espirituais do mundo celestial (Ef 1.3).

 

Então, o principal interesse de toda pessoa deveria ser, ter o Senhor por Pastor, e não somente ter as coisas boas que Ele dá ou faz.

Todos deveríamos ajustar o foco nesse ponto. Esse é o segredo da vida cristã vitoriosa, radiante, próspera. Ter o Senhor é mais importante do que ter as bênçãos do Senhor, mas não dá nem pra separar o rio da sua fonte, porque, quem tem o Senhor por seu divino Pastor, terá as bênçãos que fluem dEle.

A ovelha pode, por si mesma, tentar encontrar os pastos verdejantes, as águas tranquilas, o cálice que transborda, tudo por seus próprios esforços, mas o resultado será um grande fracasso, porque sozinha, a ovelha não tem condição.

Eu li na Revista Superinteressante que dos animais, a ovelha é um dos bichos mais estúpidos. E Monteiro Lobato, famoso escritor brasileiro, autor do Sítio do Pica-pau Amarelo, escreveu em Histórias da Tia Anastácia, do personagem Pedrinho dizendo: “ovelhas não passam de carne de quatro pés”. Ovelhas não são espertas.

Mas, se a ovelha se submete aos cuidados do Pastor e se conserva na presença dEle, então o resultado será o recebimento das bênçãos mencionadas no Salmo 23.

O Salmo fala de coisas que são de encher os olhos, porque são boas demais da conta: pastos verdejantes, águas tranquilas, caminhos retos, mesa posta na cara dos inimigos, cálice que transborda...

Mas, pensa comigo: se essas coisas forem as mais importantes da vida, pensa: o que vai ser da ovelha se os pastos verdejantes forem queimados e as águas tranquilas secarem? O que vai ser da ovelha se toda essa paisagem maravilhosa se transformar num deserto? Vai ser trágico pra ela, vai ser a morte, vai ser o fim. A ovelha ficará sem chão.     

Mas, pensa: se a ovelha está ligada ao Pastor, e se tudo fosse repentinamente destruído à sua volta, ela continuaria tendo um Pastor que sabe onde existem outros pastos verdejantes e outras águas tranquilas e outros abrigos seguros.

 

Percebe a diferença? Quando o crente sofre perdas, enfrenta dificuldades na vida, sofre a falta de saúde, falta de dinheiro, essas experiências arrancam lágrimas, mas o crente que vive na presença do Senhor não fica sem chão, não entrará em desespero, porque conta ainda com a bendita consciência de que o Senhor é o seu Pastor, o seu cuidador.

O apóstolo Paulo tinha essa consciência. Olha o que ele escreveu aos filipenses (Fp 4.6-13): “Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. 7 Então vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo entendimento e que guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus. 8 Por fim, irmãos, quero lhes dizer só mais uma coisa. Concentrem-se em tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é correto, tudo que é puro, tudo que é amável e tudo que é admirável. Pensem no que é excelente e digno de louvor. 9 Continuem a praticar tudo que aprenderam e receberam de mim, tudo que ouviram de mim e me viram fazer. Então o Deus da paz estará com vocês. 10 Como eu me alegro no Senhor por vocês terem voltado a se preocupar comigo! Sei que sempre se preocuparam comigo, mas não tinham oportunidade de me ajudar. 11 Não digo isso por estar necessitado, pois aprendi a ficar satisfeito com o que tenho. 12 Sei viver na necessidade e também na fartura. Aprendi o segredo de viver em qualquer situação, de estômago cheio ou vazio, com pouco ou muito. 13 Posso todas as coisas por meio de Cristo, que me dá forças”.

 

O que fazia a diferença na vida de Paulo? As bênçãos que tinha recebido? Não. O Senhor Deus, o Pastor, é quem fazia toda a diferença na vida do apóstolo Paulo. O Senhor é que tornava a vida de Paulo, uma vida feliz.

Pois bem, além de ser a base que sustenta todo o Salmo 23, o primeiro verso também revela algo maravilhoso sobre o caráter de Deus.

Como Deus é apresentado pelo salmista neste Salmo 23? O rei Davi O chama de SENHOR e Pastor. Ele atribui a Deus um nome e uma qualidade.

Senhor é o nome de Deus. Significa, literalmente, “Eu Sou o que Sou” (Êx 3.14). O Eterno, Aquele que não teve começo e não tem fim; Aquele que é a fonte de todas as coisas e Aquele que não tem necessidade de nada. Aquele que é o Senhor!

E Pastor é uma qualidade de Deus. Em Israel, nesse tempo passado bíblico, o trabalho pastoral era considerado o mais humilde de todos. O pastor de ovelhas passava 24 horas por dia envolvido com as ovelhas, não tinha folga. Era de dia e de noite, fosse verão ou inverno, fizesse sol ou chuva, o pastor trabalhava para alimentar, guiar e guardar as ovelhas.

Essa experiência o rei Davi conhecia muito bem, porque como caçula da família, coube a ele o serviço com as ovelhas. E olha o que ele declara sobre Deus: Ele é pastor, Ele se preocupa com a segurança das suas ovelhas.

 

Jesus ensinou aos discípulos (Lc 15.4-7): “Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se perder, o que acham que ele fará? Não deixará as outras noventa e nove no pasto e buscará a perdida até encontrá-la? 5 E, quando a encontrar, ele a carregará alegremente nos ombros e a levará para casa. 6 Quando chegar, reunirá os amigos e vizinhos e dirá: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida!’. 7 Da mesma forma, há mais alegria no céu por causa do pecador perdido que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam se arrepender”.

E veja como Deus cuida de nós (Jo 10.2-4, 11-12, 14-16): “Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 O porteiro lhe abre a porta, e as ovelhas reconhecem sua voz e se aproximam. Ele chama suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4 Depois de reuni-las, vai adiante delas, e elas o seguem porque conhecem sua voz. […] 11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor sacrifica sua vida pelas ovelhas. 12 O empregado foge quando vê um lobo se aproximar. Abandona as ovelhas porque elas não lhe pertencem e ele não é seu pastor. Então o lobo as ataca e dispersa o rebanho. […] 14 Eu sou o bom pastor. Conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15 assim como meu Pai me conhece e eu o conheço; e eu sacrifico minha vida pelas ovelhas. 16 Tenho outras ovelhas, que não estão neste curral. Devo trazê-las também. Elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”.

Em Cristo nós nos tornamos parte desse rebanho do Senhor que é Pastor e que ama e cuida muito bem das Suas ovelhas.

 

Conclusão

Eu soube de uma criança, novinha de tudo, que, quando foi perguntado na igreja se havia alguém que soubesse dizer o Salmo 23 de memória, ela se levantou do lugar, foi à frente de todo mundo, segurou o microfone, todo mundo aguardava ver se ela conseguiria recitar o Salmo, e a criança disse: “O Senhor é meu pastor, isso é tudo que eu quero”. Aí, baixou a cabeça e foi se sentar. Todos esperavam que ela concluísse o Salmo, mas, o recado foi dado. Ela conseguiu transmitir toda a mensagem do Salmo.

Afinal, é tendo o Senhor como nosso Pastor, que todo o restante do Salmo acontece. Jesus é tudo de que precisamos. Nosso maior desejo deve ser a presença de Jesus.

E deixa eu te atualizar em mais um fato pra eu concluir: naqueles tempos em Israel, toda ovelha carregava em si a marca do seu pastor. Com uma faca afiada, o dono da ovelha fazia sua marca na orelha dela. Caso ela se perdesse, todos saberiam do seu dono.

Um pastor de ovelhas escreveu um livro sobre o Salmo 23 e comentou o seguinte: “Não foi muito agradável ter que pegar cada ovelha, firmar-lhe a cabeça na madeira do curral e riscá-la com o corte afiado da faca. Ambos sofremos com a dor. Mas desse sofrimento resultou uma marca de propriedade, indelével e eterna, que nunca poderia ser desfeita. E daí por diante todas as ovelhas que passavam a pertencer-me traziam essa marca”.

 

Qual lição podemos tirar dessa analogia?

A pessoa que reconhece que Jesus é o Senhor sobre a sua vida, terá que trazer em seu viver as marcas da cruz (Mt 16.24): morrer para si, identificar-se com os princípios do evangelho e seguir os ensinamentos de Jesus.

Se o Senhor é o seu Pastor, você precisa ter a marca da cruz; você precisa morrer para si mesmo e suas vontades.

E quando o Senhor é o seu Pastor, você terá tudo de que precisa para viver em segurança, nada te faltará. Jesus é o seu Pastor?

 

Pr Walter Pacheco da Silveira, 21.06.2020

Fonte: Leandro B Peixoto

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