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A PARÁBOLA DAS TRÊS FILOSOFIAS

Lucas 10.25.37

 

Introdução

Estou separando algumas das histórias que Jesus contou, as parábolas, para a pregação nos cultos deste mês.

E minha opinião de pregação é a seguinte: a mensagem que os pregadores devem se ocupar em pregar, deve ser a mensagem bíblica, que ensina a Bíblia, a Palavra de Deus.

 

Eu não aprecio o tipo de pregação em que o pregador fala, fala e o que fala, nada tem a ver com o texto bíblico. Minha opinião é que a mensagem do pregador deve começar com a leitura da Bíblia, continuar com a explicação da Bíblia e terminar com a aplicação da Bíblia. Se não for assim, pode chamar de discurso, palestra, aula, mas não chama de pregação da Palavra.

 

Esta hora é muito especial. Aqui na igreja, se vamos ocupar você em ouvir, que seja em ouvir os ensinamentos da Palavra de Deus.

 

Então, nesta noite, vamos olhar para o texto do Evangelho de Lucas 10.25-37, que diz assim:

25 Certo dia, um especialista da lei se levantou para pôr Jesus à prova com esta pergunta: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”.
26 Jesus respondeu: “O que diz a lei de Moisés? Como você a entende?”.
27 O homem respondeu: “‘Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua força e de toda a sua mente’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”.
28 “Está correto!”, disse Jesus. “Faça isso, e você viverá.”
A parábola do bom samaritano
29 O homem, porém, querendo justificar suas ações, perguntou a Jesus: “E quem é o meu próximo?”.
30 Jesus respondeu com uma história: “Certo homem descia de Jerusalém a Jericó, quando foi atacado por bandidos. Eles lhe tiraram as roupas, o espancaram e o deixaram quase morto à beira da estrada.
31 “Por acaso, descia por ali um sacerdote. Quando viu o homem caído, atravessou para o outro lado da estrada. 32 Um levita fazia o mesmo caminho e viu o homem caído, mas também atravessou e passou longe.
33 “Então veio um samaritano e, ao ver o homem, teve compaixão dele. 34 Foi até ele, tratou de seus ferimentos com óleo e vinho e os enfaixou. Depois, colocou o homem em seu jumento e o levou a uma hospedaria, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, deu duas moedas de prata ao dono da hospedaria e disse: ‘Cuide deste homem. Se você precisar gastar a mais com ele, eu lhe pagarei a diferença quando voltar’.
36 “Qual desses três você diria que foi o próximo do homem atacado pelos bandidos?”, perguntou Jesus.
37 O especialista da lei respondeu: “Aquele que teve misericórdia dele”.
Então Jesus disse: “Então vá e faça o mesmo”. Lucas 10:25-37

 

Esta é uma linda história, é a Parábola do Bom Samaritano, que eu vou chamar de A Parábola das Três Filosofias.

Filosofia tem a ver com a forma de pensar, a forma de ver o mundo, de enxergar as coisas. Tem três maneiras de enxergarmos a vida.

 

Jesus contou esta história durante uma conversa que teve com um doutor da Lei, devia ser um escriba ou um sacerdote.

Era alguém religioso, porque fez a Jesus uma pergunta interessante sobre a salvação. Porém, a intenção da pergunta era colocar Jesus à prova.

 

Lemos isto no v.25: a pergunta foi feita para experimentar Jesus, ou seja, colocar Jesus numa situação difícil, comprometedora diante das principais religiões da época. A pergunta foi: O que eu tenho que fazer para ser salvo?

 

Ora, mas esta é uma boa pergunta! Sim, a pergunta é boa, a intenção é que não era boa.

Mas, toda pessoa deveria perguntar: O que eu preciso fazer para ser salvo? Como eu posso ir para o céu? De que maneira posso alcançar o perdão dos meus pecados e a salvação da minha alma?

 

Mas, sabendo que aquele homem perguntava mal intencionado, Jesus respondeu com outra pergunta: “Você é judeu, é um doutor da Lei, um especialista nos mandamentos, e não conhece o que a Lei diz?”

E pra mostrar que dominava o assunto, o homem religioso resumiu  os mandamentos da Lei de Deus em apenas dois: “Ame a Deus acima de tudo e ame o próximo como a si mesmo”.

 

E Jesus disse: “Muito bom, você sabe a resposta! É isso, se quer ter a vida eterna, se quer ir para o céu, faça isso e você terá a vida eterna no céu”.

Aí, o homem achou de se justificar e fez uma nova pergunta. Mas, nessa de querer se justificar, ele foi pego pela sabedoria de Jesus.

Porque ele mesmo sabia que não era cumpridor da Lei. E por uma razão muito simples: ninguém cumpre a Lei, com perfeição.

 

Você consegue amar a Deus sobre todas as coisas, o tempo todo? Você consegue amar o seu próximo como a si mesmo, toda hora?

 

Ninguém consegue. Aquele homem também não conseguia. Se para ser salvo, precisava cumprir com o que a Lei manda fazer, ele mesmo não era capaz de cumprir a Lei.

 

Nem nós somos capazes de seguir a Lei o tempo todo; essa é a verdade! Como cristão, seguimos a Lei de Deus, mas não sem falhar, não sem pecar.

 

Então, pra se justificar, aquele homem perguntou pra Jesus: “Mas, quem é o meu próximo?”

Porque ele imaginava: “se o meu próximo for todo mundo, como que vou dar conta? Se o meu próximo for todo judeu, ainda é muita gente, mas, melhora um pouco. Se o meu próximo for apenas os que são da minha religião, fica mais fácil! Ou, se o meu próximo for somente as pessoas da minha família e os meus amigos, aqueles que me tratam bem, opa, fica mais fácil ainda!” Então, ele perguntou pra Jesus: “quem é o meu próximo?”

 

E Jesus respondeu contando a Parábola do Bom Samaritano, que eu estou chamando de Parábola das Três Filosofias e você vai entender.

Jesus conta que havia uma estrada ligando Jerusalém a Jericó, uma estrada de quase 30 quilômetros, cheia de curvas e famosa pelos assaltos que aconteciam nela, porque facilitava o esconderijo de bandidos antes e depois de atacarem suas vítimas.

 

Essa estrada representa a vida, é a estrada da vida. Lembra daquela música sertaneja do Milionário e José Rico: “Pela longa estrada da vida... não posso parar”.

Então, nessa história, a estrada representa a nossa vida. E as três filosofias de que falo, são as seguintes: três maneiras diferentes de como a gente pode caminhar por essa estrada.

 

Cada filosofia está representada pelos personagens da história que Jesus contou.

 

Qual será a sua filosofia de vida? Do berço à sepultura, do quarto ao cemitério, de que maneira você caminha pela longa estrada da vida (que para alguns não chega a ser longa)?

 

A primeira filosofia que identificamos na história, é a filosofia dos bandidos, que podemos chamar de filosofia da subtração.

Há pessoas que passam pela vida e se dedicam em subtrair dos outros, sugar o máximo dos seus semelhantes; o négocio é tirar, subtrair. É a filosofia dos bandidos dessa história.

 

Lemos aqui no v.30, Jesus contando: “Certo homem descia de Jerusalém a Jericó, quando foi atacado por bandidos. Eles lhe tiraram as roupas, o espancaram e o deixaram quase morto à beira da estrada”.

 

Arrancaram tudo daquele homem; bateram nele e foram embora, deixando-o quase morto. Quer dizer: arrancaram o dinheiro dele, arrancaram a roupa dele e quase arrancaram também a vida dele.

 

É a filosofia da subtração. O negócio é arrancar, é tirar, é subtrair. Filosofia que pode ser resumida numa frase: “O que é meu, é meu; e o que é seu, é meu também, se eu puder arrancar de você”.

 

Essa é a filosofia do ladrão, do corrupto, do egoísta.

Essa é a filosofia abraçada pelos últimos governantes do nosso Estado do Rio de Janeiro. Mas, além deles, essa é a filosofia que tem regido a vida de muitos outros nesses dias em que estamos vivemos.

 

Hoje em dia, o pensamento está sendo esse. Uma pessoa olha para a outra pensando no que vai tirar dela, pensando na vantagem que vai levar em cima.

 

E com essa maneira de pensar o mundo vai ficando cada vez pior. Aliás, acontece como Jesus havia falado sobre o final dos tempos: “O pecado aumentará e o amor de muitos esfriará” (Mt 24.12). Parece que todos estamos vivendo nessa estrada de Jerusalém para Jericó, cheia de bandidos interessados somente em tirar da gente.

 

Agora, não pensa que essa filosofia do subtrair, só acontece na vida dos outros.

Essa filosofia tem entrado no nosso coração também! Ela já está presente em todos os lugares e até dentro da igreja, dentro de casa, no casamento... essa filosofia de levar vantagem em tudo, tirar, tomar, extrair, sugar, está generalizada!

 

No casamento, se você não tiver cuidado, você passa da fase do “vem cá, meu bem” para a fase do “Dá cá meus bens”.

 

É a filosofia da subtração: o que é meu é meu e o que é seu, se eu puder tomar, é meu também. Misericórdia!

Mas, tem um segundo personagem nessa história, o grupo dos religiosos, no caso do texto, os judeus.

O v.31 fala de um sacerdote e o v.32 fala de um levita. O sacerdote trabalhava no templo e o levita também trabalhava no templo. Eram religiosos!

 

E, é interessante observar que eram judeus e que o caído na estrada, assaltado, muito provavelmente, fosse um judeu também, morador de Jericó que havia ido ao templo de Jerusalém. Portanto, o caído na estrada era alguém do próprio povo do sacerdote e do levita.

 

Pois bem, a coisa mais certa de se esperar, era que por uma questão de pertencer ao mesmo povo e de princípios religiosos, aqueles homens ajudassem, mas eles simplesmente ignoraram. Aqui diz que passaram de largo.

 

Estavam no caminho, viram o seu conterrâneo caído, mas deram a volta. A filosofia deles pode ser resumida numa frase: “O que é seu, é seu; e o que é meu, é meu; eu não vou tomar de você, não vou te arrancar nada, porque eu não sou bandido; eu sou do bem, sou até da igreja! Eu sou um sacerdote. Agora, é o seguinte: não me peça nada também não. O que é seu, é seu, eu não vou tomar; e o que é meu, é meu, ninguém tasca e também não dou, não compartilho, não reparto”.

 

Que coisa! O homem caído e ferido com a violência dos bandidos, agora é ferido pela indiferença desses, pasme, religiosos.

Bem, eles podem ter pensado: “Ah! Se eu parar pra ajudar, posso ser assaltado também. Eu não conheço essa pessoa. Eu não sei como ajudar”. E passou de longe, indiferente.

 

Quantas vezes também temos os nossos motivos pra não ajudar o próximo e “tiramos o corpo fora”; deixando para outra pessoa fazer o que tem que ser feito.

 

Nesse ponto, Jesus está ensinando que nenhum motivo nosso pra não ajudar, é justo. Nada justifica a indiferença.

Essa é a filosofia da conservação. Melhor eu me guardar, conservar o que eu tenho, segurar, manter, do que gastar com os outros.

 

Não devemos adotar essa filosofia na nossa vida, não! Mas, muitas vezes, adotamos e passamos pelas pessoas necessitadas sem dar nenhuma atenção pra elas. Agimos com indiferença.

 

Tem uma poesia muito linda de Cecília Meireles, que diz assim:

Como se morre de velhice

ou de acidente ou de doença,

morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo

onde o que se sente e se pensa

não tem eco, na ausência imensa.

 

Na ausência, areia movediça

onde se escreve igual sentença

para o que é vencido e o que vença.

 

Salva-me, Senhor, do horizonte

sem estímulo ou recompensa

onde o amor equivale à ofensa.

 

De boca amarga e de alma triste

sinto a minha própria presença

num céu de loucura suspensa.

 

(Já não se morre de velhice

nem de acidente nem de doença,

mas, Senhor, só de indiferença.)

 

Quantos que passam pela vida com esta filosofia: Tanto fez, tanto faz. Eu cuido das minhas coisas, você cuida das suas. Eu vivo a minha vida, você vive a sua.

Como escreveu a poetisa: Já não se morre de velhice nem de fome nem de doença, mas quanta gente tá morrendo de indiferença!

 

Nenhum de nós deveria adotar essa filosofia. No mínimo, ao sabermos de alguém que ainda não recebeu a salvação, devemos orar a Deus por ela e não parar até que ela se converta.

Agora, felizmente, não tem só essas duas maneiras de passar pela estrada da vida.

Jesus conta de um terceiro personagem que vira tudo de pernas pr’o ar, que revoluciona, porque vive uma nova filosofia, a filosofia do dar, do repartir, do compartilhar.

 

E Jesus faz algo tremendo: Ele coloca um samaritano na história. Sabe aquela implicância dos flamenguistas com os vascaínos e dos brasileiros com os argentinos? Pois é, havia uma rivalidade, só que mil vezes pior, entre os judeus e os samaritanos.

 

E aí, Jesus estava conversando com aquele judeu, doutor em Lei divina, e quem aparece na história contada por Jesus? O odiado e desprezado e xingado, samaritano.

Jesus coloca o samaritano na história. Jesus conta que esse é o que chega, vê o homem caído na estrada e se enche de compaixão; chega perto, trata as feridas, coloca o homem sobre o seu jumento, leva  para uma pousada e cuida dele.

 

Jesus conta que esse samaritano até tirou duas moedas de prata e entregou pro dono da pensão e ainda disse, v.3512: “Cuida dele e se você gastar mais do que isso (duas moedas de prata valiam dois dias de um trabalhador daquela época); e ele falou: “se precisar gastar mais, quando eu voltar eu te pago”. Coração generoso.

 

Qual era a filosofia de vida desse samaritano? Era a seguinte: o que é seu, é seu; e o que é meu, também é seu, se você precisar. Filosofia da doação, do dar, do conceder, repartir.

E, irmãos, essa é a filosofia do próprio Deus, porque a Bíblia diz em Jo 3.16: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

 

E aí, Jesus conclui a história com uma pergunta para o doutor da Lei, v.36: “Você que é religioso, que é especialista na Lei de Deus, você perguntou quem era o seu próximo. Então, agora com essa história contada, responde: Qual dos três que passou pela estrada, foi o próximo daquele que caiu ferido pelos bandidos?”

 

E o doutor da Lei, que era judeu, criado naquela cultura de rivalidade com o povo de Samaria, podia ter respondido “o samaritano”. Mas esse nome ele nem conseguia pronunciar. Então, gastou foi palavras pra responder: “aquele que usou de misericórdia”.

E aí, Jesus disse: “Pois vá e faça o mesmo”. Jesus estava dizendo para ele: “A questão não é quem é o seu próximo. A questão é: de quem você precisa ser o próximo”. A questão é: quem tá precisando da sua ajuda? Vá e ajude!

 

O samaritano que passou pela estrada não tinha nenhuma obrigação de ajudar, mas ajudou. O homem caído não era da sua terra, não era seu conhecido, não era da sua religião, mas ele ajudou simplesmente porque viu que ele precisava e não porque merecia.

Alguém escreveu essa frase: “Não há montanhas por demais altas, nem desertos por demais perigosos, quando o motivo que nos impele a atravessá-los é o amor”.  

 

Que filosofia temos abraçado na estrada da nossa vida? A filosofia da subtração? A filosofia da conservação? Ou a filosofia da doação?

 

Agora, pra terminar esta mensagem, o samaritano dessa história tem muitas semelhanças com a Pessoa que contou essa história.

Se você reparar bem, existem semelhanças entre o samaritano e o Senhor Jesus!

 

Podemos dizer que Jesus é o nosso Bom Samaritano, e que o homem caído na estrada, somos nós.

A Bíblia até diz: “Todos nós nos desviamos como ovelhas; deixamos os caminhos de Deus para seguir os nossos caminhos. E, no entanto, o SENHOR fez cair sobre ele [Jesus] os pecados de todos nós” (Is 53.6).

 

E sobre Jesus, está escrito em Mt 20.28, Jesus mesmo declarou: (vamos ler juntos): “Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente” (NTLH).

 

Se a terceira filosofia é a filosofia do dar, quem melhor encarnou essa filosofia foi o próprio Senhor Jesus que deu a Sua vida para nos salvar.

Escuta as semelhanças:

O samaritano se compadeceu do ferido, Jesus Se compadeceu de nós.

O samaritano desceu do seu cavalo pra socorrer o ferido; Jesus desceu muito mais, desceu do céu, veio ao mundo, se fez gente como nós, pra nos salvar.

O samaritano tratou as feridas do homem caído. Jesus também trata das feridas do nosso coração.

O samaritano levou o homem ferido até um lugar onde ele pudesse ser cuidado e ficar bom. Jesus tem nos levado para a Sua igreja, onde podemos ser ficar e ser encorajados.

O samaritano pagou o tratamento daquele homem com duas moedas de prata; Jesus pagou pela nossa salvação com o Seu próprio sangue, Sua própria vida.

E por último, o samaritano prometeu que ia voltar, Jesus também prometeu que um dia voltará pra nos levar para o céu.

Como vê, há muitas semelhanças entre este personagem da história que Jesus contou e o próprio Jesus. Ele veio para nos salvar.

 

Conclusão

Esta é a mensagem de Deus para hoje.

Na estrada da vida, precisamos assumir a filosofia correta, a filosofia própria de Deus: precisamos olhar para o próximo com compaixão, e nos doar, repartir, compartilhar.

 

E nesse ponto, nós que já entregamos a nossa vida para Jesus dirigir e abençoar, que temos a salvação, precisamos compartilhar o evangelho com os outros!

 

Ajude alguém a conhecer Jesus, a vir para a igreja...

 

Precisamos também, reconhecer que fomos alvos do amor de Deus. Deus nos amou e nos ama!

O pecado nos deixou caídos, mas Jesus é o Bom Samaritano.

Pr Walter Pacheco da Silveira, 13.09.2020

Fonte: Marcelo Aguiar

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