A NATUREZA DA ORAÇÃO
1 Samuel 1.1-28
Introdução
Convido você a localizar na Bíblia o texto de 1 Samuel, capítulo um.
O texto, conhecido por muitos e já refletimos sobre ele a dois Domingos atrás, é bastante interessante e envolvente, porque fala de uma mulher chamada Ana e da experiência de oração que ela teve.
Orar é uma ação poderosa. A oração liga a terra ao céu, ela une a fraqueza do ser humano com o poder de Deus. Orar nos liga ao trono de Deus.
E você sabe, não há coisas impossíveis para Deus. Ele pode tudo! Por isso, podemos orar por grandes causas, por grandes sonhos, por grandes milagres.
Tudo quanto Deus pode fazer, pode ser conseguido pela oração. Orar move o braço de Deus, o braço dAquele que governa o universo. Olha que verdade mais bendita!
A mulher deste texto, chamada Ana, compreendia isto. E aí, considerando as circunstâncias difíceis da sua vida, e ela teve muitas, Ana concluiu que precisava fazer oração.2
Esta é a primeira lição que aprendemos com Ana: a necessidade da oração. Com Ana aprendemos sobre “Por que orar?”.
E concluímos o seguinte: as circunstâncias difíceis da vida junto com a nossa fraqueza, a nossa impossibilidade de resolver coisas difíceis, as nossas limitações diante dos desafios da vida, fazem com que a oração seja necessária.
Veja o caso de Ana. Ela entendeu a necessidade da oração em meio as circunstâncias duras e difíceis em que ela vivia.
Ana viveu numa época em que os valores espirituais estavam em ruínas, em decadência. Então ela disse: “Tenho que orar”.
Segundo, na época de Ana, os valores da família também estavam por um fio. Você viu o texto: o marido dela, Elcana, tinha duas mulheres. Deus é contra a poligamia. Diante disso, Ana disse: “Tenho que orar”.
Terceiro, a doença que Ana tinha, ela era estéril, não podia gerar filhos, foi mais uma razão pra ela dizer: “Tenho que orar”.
Quarto motivo porque Ana reconheceu a necessidade de orar: a rivalidade que ela sofria dentro de casa, causada por Penina, a outra esposa do seu marido. Ana era excessivamente provocada por Penina. Por esse motivo ela também disse: “Tenho que orar”.
Quinto, a falta de senso do marido, foi outra situação que levou Ana a reconhecer a necessidade da oração.
Quando Elcana percebeu que o motivo de Ana chorar muito e não se alimentar direito, era a vontade de ter filho, tentando consolá-la, Elcana falou: “Ana, pra você, eu sou melhor do que dez filhos. Tira essa ideia de ter filhos da cabeça. Você tem um maridão!” Elcana era insensível ao sofrimento da esposa. E outra: desde quando marido substitui filho? Então, por mais uma vez, Ana disse: “Tenho que orar”.
E uma última razão que levou Ana reconhecer a necessidade da oração foi o mau testemunho e a maldade mesma dos líderes religiosos da sua época.
A Bíblia conta que quando Ana foi orar na casa de Deus, quem pregava lá eram os filhos de Eli, Hofni e Finéias, que a própria Bíblia diz, não prestavam. E o sacerdote principal da igreja, quando viu Ana fazendo oração baixinho, mexendo só com a boca, ele julgou logo e muito maldosamente: “Essa mulher acabou de chegar pro culto embriagada”. E Ana disse: “Por essa causa, tenho que orar”.
Orar é preciso. As circunstâncias adversas da vida, irmãos, devem nos impulsionar, nos mover, a fazer oração. Quem não ora, não vence. Quem não ora, está definindo a própria derrota.
Orar é mover o braço poderoso de Deus. Não fazer oração, é ficar sem a ação poderosa de Deus a seu favor.
Agora, vamos a uma segunda lição que aprendemos deste texto que nos conta sobre Ana. Com ela aprendemos sobre a natureza da oração. Esse é o segundo ponto. O primeiro foi a necessidade da oração. O ponto agora é a natureza da oração.
Ana reconhece que Deus cumpre fielmente o que Ele fala.
Veja o v.7, que diz assim: “Sempre que Ana subia à casa do Senhor, sua rival a provocava e ela chorava e não comia”.
Ela vai orar na casa do Senhor. Oração pode ser feita dentro da nossa casa, no quarto, mas pode ser feita na rua, na praça, no carro, no ônibus, no avião, no monte, no vale, na cidade, na roça... o profeta Jonas da Bíblia, orou dentro da barriga de um grande peixe. Pedro orou quando afundava nas águas. Todo lugar é lugar apropriado para oração. Não existe um lugar mais sagrado do que outro.
Até no inferno tem oração. Jesus contou do rico e Lázaro. Disse que o rico morreu e foi para o lugar de tormentos, o inferno. E de lá, o que ele fez? Pediu: “...tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo” (Lc 16.24 – NVI). Foi uma oração e feita do inferno, do lugar de tormentos, porém, sem chance de ser atendida.
Então, pra orar todo lugar é lugar. Mas, veja uma coisa: Ana vai orar na casa do Senhor. Por que na casa do Senhor? Porque Deus tinha feito uma promessa para o povo de Israel do qual Ana fazia parte.
Lemos em Ex 29.43, que fala do tabernáculo, da casa do Senhor na época: “ali virei aos filhos de Israel” (ACF).
Deus fez uma promessa ao povo de Israel e a promessa era que Ele manifestaria a Sua presença no Tabernáculo, a casa de Deus na época de Ana.
Hoje Deus não mora mais em templos feitos por mãos humanas. Deus mora no coração dos Seus filhos. Mas, a promessa permanece: quando você se reúne com outros filhos e servos de Deus, a presença de Deus é manifesta ali.
Está escrito: “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mt 18.20 – NVI).
Então, preste atenção nisso: Não deixe de vir às reuniões da igreja. Não deixe de buscar a Deus junto dos irmãos, porque se você crê que Deus cumpre o que Ele diz, então, há esperança para você quando participa do culto junto dos irmãos. Amém?
Quando você não congrega, não está junto dos irmãos, ninguém fica sabendo do que você precisa e ninguém é movido por Deus pra te abençoar. Então, valorize estar com a igreja! Principalmete, porque, aonde dois ou três estão reunidos em nome do Senhor, ali Sua presença é manifesta.
Segunda coisa: a oração de Ana é um reconhecimento de que Deus conhece os segredos do nosso coração.
Olha o v.13: “Como Ana orava silenciosamente, seus lábios se mexiam, mas não se ouvia sua voz. Então Eli pensou que ela estivesse embriagada”.
Esse verso numa versão mais antiga12 das Escrituras se lê assim: “Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada” (ACF).
O interessante desta versão mais antiga é que diz “Ana só no coração falava”. Falar no coração. E quem é que escuta o que se fala só com o coração? Só Deus escuta.
A boca de Ana mexia, mas não tinha som, não se ouvia as palavras, mas o coração estava derramando tudo perante Deus, que ouvia.
Sabe o que Ana entendia? Que a dor mais profunda da alma, que o sofrimento mais dolorido do nosso coração, que o drama mais profundo que nós vivemos no dia a dia da vida, às vezes, dentro da nossa casa, dentro da nossa família, Deus é o Deus que conhece, porque Deus escuta o nosso silêncio.
Faz tempo que não ouço Cassiane, mas uma canção muito linda gravada por ela em 2003, diz: “Quando uma lágrima cair no chão Deus vai ouvir”.
Deus vê o nosso gemido. Deus lê os nossos lábios. Deus escuta o nosso coração. No Salmo 139.4, o salmista Davi fala: “Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor” (NVI).
Então, é muito importante você compreender isso: que quando você está orando, Deus está entendendo o que vai no seu coração. Deus conhece o drama que vai na sua alma. Deus conhece as suas noites mau dormidas. Deus conhece os seus gemidos. Deus conhece o seu choro. Deus conhece a sua dor. Deus conhece o silêncio do seu coração.
Em terceiro lugar, a oração de Ana é um reconhecimento de que Deus é o Senhor absoluto do universo e que tudo está sob o controle dEle.
Olha o v.3.15 A primeira vez que esse nome de Deus “Senhor dos Exércitos”, aparece na Bíblia, é aqui.
E quem é o Senhor dos Exércitos? É o Deus dos anjos. Em outras palavras, é o Deus que tem autoridade sobre todos os seres , homens e anjos.
Orar, irmãos, é falar com Aquele que está sentado na sala de comando do universo. Orar é falar com Aquele que tem o controle da história em Suas mãos. Orar é falar com Aquele que é Senhor e que, portanto, pode fazer tudo.
É tão importante entender que o Senhor que é capaz de escutar os gemidos de uma alma, que é capaz de ouvir o silêncio de um coração aflito, é o Senhor dos Exércitos.
Em quarto lugar, a oração de Ana é um reconhecimento que somos servos e não senhores. Não nos cabe reivindicar ou exigir nada de Deus, apenas suplicar humildemente.
Mas tem gente que vai orar e determina pra Deus fazer as coisas, ora como que dando ordens pra Deus.
Mas veja como se ora no v.11: “Ó Senhor dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao Senhor por todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca serão cortados”.
O que eu acho interessante neste verso, é que Ana não ora o que muitos hoje em dia chamam de “oração forte”.
Não aparece na oração de Ana aquele negócio de “eu ordeno, eu exijo, eu determino ou eu proíbo”. Não existe essa arrogância, porque oração é o pequeno falando com o Grande, é o que nada pode, falando com o Todo-poderoso Senhor dos Exércitos.
Oração é o fraco falando com o Forte. Oração é o que não pode nada, falando com Aquele que pode tudo.
Irmão, você só ora direito quando se humilha, quando se põe na posição de servo e servo é aquele que aceita a vontade do seu Senhor! Servo é aquele que se curva diante do poder e da vontade do soberano.
É assim que Ana faz oração, reconhecendo: “eu sou serva, Deus é o Senhor”.
Em quinto lugar , a oração de Ana é um reconhecimento de que orar é falar com Deus sobre uma situação específica e com um propósito específico.
Olha o v.11. Ana não ora em termos vagos, indefinidos, sem saber exatamente o que quer. Olha a oração que ela faz: “Ó Senhor dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho”.
Ana não pede filhos, não pede uma filha. Ela tinha no coração um pedido específico e o pedido dela foi: “um filho”.
E o propósito porque ela pediu um filho também era específico.
Ana orava por alguém que seria consagrado para obra de Deus. Ela orava por um filho que seria um instrumento de bênção na obra de Deus, até porque a situação geral em seu país era de decadência política e espiritual.
Então, Ana ora por um filho que seja usado por Deus para mudar o cenário da sua nação. Ela ora com um propósito. Não ora de maneira vaga, dizendo: “Ó Deus, me abençoa, me ajuda”.
Alguém já disse com muita propriedade que as generalidades são a morte da oração. Você não deve orar em termos vagos “Senhor me abençoe”. É claro que Deus saberá o que você deseja no seu coração. Mas se você orar em termos vagos, você não saberá identificar a resposta de Deus.
Se você me pede para ir ao mercado comprar um suco, eu posso trazer de lá um suco de uva. E se você desejava suco de laranja, mas pediu em termos vagos, dirá: “É suco, mas era de laranja que queria”.
A gente tem mania de orar em termos vagos, dizendo: “Senhor, abençoa a minha vida” e Deus tem tanto tipo de bênçãos...
Até na confissão de pecados oramos em termos vagos. A pessoa peca todo tipo de pecado e na hora de fazer confissão, ela diz: “Senhor meu Deus, perdoa a multidão dos meus pecados”. Mas, pecado tem nome. Como chama os seus pecados: mentira, inveja, falta de perdoar?
Então, Ana está com um pedido de oração, e o pedido é específico e o propósito também.
E em sexto e último lugar do nosso ponto hoje: a oração de Ana é um reconhecimento que o impossível dos homens é possível para Deus.
Se você olhar com atenção para o v.19 e 20, vai ver que Ana escuta uma palavra de Deus, volta para casa com o marido, tem relação com o marido e Deus responde a oração de Ana, porque ela fica grávida e consegue dar à luz.
Olha, Ana estava orando por um milagre. E por que isso é importante? Porque, às vezes, nós oramos, mas oramos com dificuldade de crer que Deus faz milagres.
Eu quero dizer pra você que para Deus fazer algo grande, fazer algo médio e fazer algo pequeno, é a mesma coisa. Pra Deus não faz nenhuma diferença, não tem coisa mais difícil do que outra. Para Deus curar um câncer e um resfriado, é a mesma coisa.
Portanto, devemos nos sentir encorajados a orar por grandes causas, porque temos um grande Deus. Para Ele não há limitação. Ele pode tudo.
Então quando você for pedir algo para Deus, não fica com medo de pedir aquilo que é impossível, porque o que é impossível para os homens é possível para Deus!
E, irmãos, eu creio nisso. Deus pode. Se Ele quiser, Ele pode. Deus faz maravilhas, realiza milagres. Ainda hoje nos nossos dias, como nos dias de Ana, Deus faz milagres!
Deus cura os enfermos ainda hoje. Deus faz com que a mulher estéril seja alegre mãe de filhos.
Ainda hoje, Deus levanta o caído. Ainda hoje, Deus perdoa os pecados. Ainda hoje, Deus faz. Ainda hoje Deus transforma!
O que você está esperando? A oração move o braço poderoso de Deus.
Pr Walter Pacheco da Silveira, 26.05.2019