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DE VOLTA AO LAR
Gênesis 3:8

  

Tenho me convencido cada dia mais que a prática da visitação deve ser para o cristão o que a prática da evangelização é para o não cristão. Como dizemos que missões nasceu e está no coração de Deus, igualmente devíamos dizer da visitação, que é criação e invenção dEle. Deus foi o primeiro a nos ensinar com o seu exemplo e pela Sua palavra.

Deus sentiu grande prazer ao criar o homem e queria estar diariamente em contato com ele, para isto, visitava-o em seu lar - o Jardim do Éden (Gênesis 3:8) - e tinha imenso prazer nesta visita. Ele chamava o homem pelo nome, esperando encontrá-lo para estarem juntos. Foi o homem que, devido ao pecado, começou a se esconder de Deus, já não sentindo mais prazer pela Sua presença em seu lar. Passou, assim, a rejeitar o hóspede ilustre.

Em toda a Bíblia, aprendemos e descobrimos que sempre foi Deus quem veio ao encontro do homem, sempre foi Deus quem o visitou. Ele veio a Caim, a Noé, a Abraão, a Isaque, a Jacó. Veio ao seu povo Israel (Gênesis 50:24-25; Êxodo 3:16 e 4:31; Rute 1:6; Jeremias 27:22; 29:10; Lucas 1:68 e 7:16). Veio aos gentios para tomar dentre eles um povo para o Seu nome (Atos 15:14). Deus nos visita particularmente (Salmo 17:3; Jeremias 15:15). Deus visita a terra (Salmo 65:9).

Emanuel significa Deus conosco, Deus entre nós, Deus que visitou a nossa morada, que deixou o céu e veio ao mundo (Lucas 7:16; João 1:11). Grande parte do ministério de Jesus foi em visita ao lar das pessoas, Ele foi até acusado por isto (Lucas 19:7). O Espírito Santo, é o Deus que vive em nós (Efésios 3:17), que está sempre presente, que visita a Igreja do Senhor e as pessoas.

Se esta é uma prática divina, onde a Trindade e os anjos participam, não deveria ser também a nossa? Isto é tão importante para Deus que Ele não somente praticou, como declarou ser a visitação a verdadeira e agradável religião (Tiago 1:27). É tanto, que receberemos galardão ou castigo com base nesta prática (Mateus 25:36-43). Pastores e líderes serão julgados por abandonar as suas ovelhas e não as visitarem (Jeremias 23:2).

O Novo Testamento mostra que a visitação era uma prática comum na sua época. 
Os magos e os pastores visitam a Jesus; Maria visita Isabel; os apóstolos e cristãos visitavam constantemente (Atos 15:36 e 28:30; Romanos 1:13, 15:23 e 15:29; Gálatas 1:18; 2 João 1:12). Concomitantemente, a hospitalidade (que diz respeito ao que recebe visitas), também era uma prática comum (Atos 10:6, 21:16 e 28:7; Romanos 16:23; 1 Timóteo 5:10). Foi dado ordenança a respeito da hospitalidade (Romanos 12:13; Hebreus 13:2; 1 Pedro 4:9), sinal da importância da prática de se visitar e de se receber visitas. Aliás, como a maioria das igrejas existiam no lar, visitar uma igreja era visitar um lar.

Visitação é um ministério que deve ser praticado por todos os cristãos. E, dos pastores, exige-se que este ministério seja praticado de modo ainda mais intenso e regular. É uma das obrigações de um ministro. A hospitalidade figura na lista de recomendações àquele que quer ser pastor (1 Timóteo 3:2; Tito 1:8). O pastor deve ser então um visitador e alguém apto para receber visitas em sua casa.

Infelizmente, hoje, temos muitos líderes e poucos pastores. Muitos querendo aparecer, buscando status, posição, títulos... e poucos querendo ser verdadeiros pastores. Mas, enfim, qual a idéia de pastor senão a de estar diariamente e pessoalmente com a ovelha no curral? Suprir suas carências e necessidades e cuidar individualmente de cada uma? O que menos um ovelha precisa é de um pastor falando em sua orelha sem cuidar das suas reais e verdadeiras necessidades.

Apascentar, então, não é pregar. E, algo muito triste que acontece é ver muitos brigarem pelo cargo, mas poucos querem pôr a mão na massa.

Faça um teste simples para confirmar estas afirmativas: Seu pastor conhece você? Sabe seu nome? Onde você mora? Qual a sua profissão? Se está ou não empregado? No seu aniversário, ele liga para dar os parabéns? Já foi à sua casa? Conhece sua família? Quantas vezes já tomou um café ou já almoçou com você? Conhece os seus talentos e potenciais, as suas fraquezas e anseios? Nota quando você deixa de freqüentar os cultos? Ou só quando deixa de entregar o dízimo? É capaz de perder uma noite de sono em seu benefício espiritual? Já se assentou com você para conversar, aconselhar, orar e chorar juntos? Ou a agenda dele é cheia demais com numerosos congressos, palestras, reuniões, conferências, pregações em eventos, para perder tempo com um único e simples mortal como você?

Século estranho este nosso! O leão vem para atacar a ovelha, mas, como ela não marcou horário com o seu pastor, através da secretária, terá de perecer. É que são tantas atividades, e não se pode abrir mão das mesmas. A ovelha se desgarrou e está ferida no vale, mas, as reuniões, convenções e programações são tão numerosas que o impede no cuidado e resgate da mesma. Terá de perecer, mas que bom que o pastor talvez nem fique sabendo.

Família significa isto - relacionamento. Deus nos chamou para sermos seus filhos, e, como pai, Ele nos visita, deixando o exemplo a ser seguido. Ele sempre visitou seu povo. Jesus, que criou a Igreja, fazendo dela uma família, quer que tenhamos relacionamentos maduros e profundos com Ele e uns com os outros. Os relacionamentos entre irmãos acontecem no lar.

Portanto, visitar é bíblico, necessário e urgente. Queira Deus, seja esta uma prática restaurada no seio da igreja que professa o seu nome. E o que a Reforma Protestante foi para a Idade Média, o Pentecostalismo para o século passado, seja a visitação para este século. O século da mídia, das telecomunicações e da informática, que têm diminuído as distâncias geográficas e criado outras distâncias, como as do relacionamento interpessoal, onde posso, por exemplo, me comunicar com pessoas do mundo inteiro, e não conhecer pessoalmente nenhuma.

Que não sejamos uma comunidade de espectadores desconhecidos, mas uma família onde os irmãos se conhecem. Que nossos lares sejam a base de sustentação da igreja de Cristo. Todo avivamento é uma volta às origens, e voltar às origens, é voltar ao lar.

Jair Souza Leal

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